segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Aguentar no olhar...


Ela aguenta tudo
Uma cara feia, um dia triste e uma roupa suja
Pois a vida lhe reservou
 algum canto dessa casa fria...

Ela aguenta tudo
Um sapato desamarrado, um espinho na garganta e uma viagem nunca feita
Pois, o sol cada dia nasce mais quente
E o coração cada dia esfria...

Ela aguenta tudo
Um sorriso amarelo, um estilhaço de bala perdida e alguns retratos de família
Pois, na rua há muitos perigos
E em casa há muitos inimigos


Ela aguenta tudo
Uma sala vazia, um quarto sem carinho, uma cama sem amores
Pois,  existe mais despedidas que encontros
Mais desilusões que encantos...

Ela aguenta tudo
Uma palavra cravada no peito, um olhar gravado na alma, um grito ainda preso
Pois, não se luta calada
E ela ainda não sabe nem falar

Ela aguenta tudo
Uma vida sem chão, um dia de tédio e um amor mal correspondido
Pois, não há relações sadias
Nem há amores eternos

Ela aguenta tudo
Uma pai ausente, uma mãe distante e poucas palavras de ânimo
Pois, quem casa com a dor
Não vai encontrar uma felicidade em nenhum olhar

E nisso ela segue, aguentando tudo
Os fantasmas dos dias
A desilusão das horas
E quando se olha, somente as rugas é sua companhia.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Escutei um sim.

Vulgarizando essa vida cheia de etiquetas
Cheia de rebeldia fútil
E hipocrisia marcante
E eu apenas ultrapassando meus dias

Até que no nervo neural
você acalentou minhas agonias
Minhas tempestades e delírios de cada dia
Fui, arrebatadoramente, acovardando-me  para mover suas relíquias...

Que tipo de amor você me dar?
Você não me dará pão, nem água...
E nem vou querer circo, nem badaladas
E algo tao pós-modernamente antigo : instintos!

Ouviste meus gemidos insanos de dor ao longe
então veio oferecer abrigo, braços quentes e boca úmida
eu aceitei com as velhas dúvidas, aquela minha carência infinita...
Mas você colocou-me no canto, e deu-me mais que só encantos...

Casei-me com a felicidade somente esperando do seus lábios o sorriso...
Um sorriso arrebatadoramente meu, mas que saía de sua boca...
E na motivação de te encontrar, eu andava nas ruas procurando o seu olhar,
Era tão meu seu encanto, que da boemia eu virei mestre, e no seu coração fiz sala: e sou, hoje, mestre-sala

E para não dizer que só esperei, martelei minha vida ao seu redor
Pedi humildemente sua boca na minha, com cara de pedinte egoísta...
Ouvir as vozes que gritavam em meus poros largamente,
Então, quando pensei que era partida, da sua boca ouvir as mais belas palavras do coração: sim, pra te!

Sim, sim... ela escolheu a minha vida, ela escolheu a sua vida
Ela entrelaçou, diante multidões, a minha boca sedenta de paixão
Ela puxou meu braço, tirou retratos e ainda segurou minha mão...
Eis aqui uma historieta de vidas mil, e de uma vida só: somente eu e você, enfim!






Carne sua!

Essa carne de mulher
É para lamber e morder
Essa carne de mulher
É para ter sem sofrer

Essa carne de mulher
É para deliciar-me
De joelhos e aos pedaços
Essa carne, quem dera, deixar-me de quatro ....

Essa carne de mulher me envolve
Esnoba-me, lembe-me mais, e morde
Essa carne destemida
Desacata minha vida e foge....

Carne nua
Carne sua de mulher
Como se não fosse possível, reinventa-me na noite
Em busca do entardecer no seu olhar, até me usar...

Essa carne de mulher
Desfaz na cama...
E reinventa e ama
Da base que for capaz

Essa carne de mulher
É voraz
E aos pedaços traz
Qualquer amor em paz


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mucama!


Cantarolando os pássaros
Cantarolando? --Sim!
E nem os Deuses explicavam
Onde havia tanta música em mim...

Acordei com aquele repente
E de repente acordei...
Era manhã o meu dia,
E assim, surpreendia-me, tinha sol também...

E nesse ensolarado dia,
Dizem, apenas dizem, que eu cantava feito andorinha
E ainda ousam dizer que contemplei o dia nascer
Sobre as rosas de antorcha¹, lá do lado da África...


E de África, Obá, Orixá...
E o que tiver por lá,
Pois, do sangue que escorre em meu corpo
É  do sangue vivo de mulato-mulata-bambo...


E do bambu também sou feita
Sou pedra, sou chão, sou relva fresca...
Sou lança que atira, sou toco de árvore
Sou grunhido, sou latido, sou miado, sou até gemido...

Gemido? Ou entoado?
São tantos os sons em mim,
Sou áfrica, Brasil, indígena, Europa e afins
Sou mesclado, sou negro esbranquiçado
Sou louro bombom amelanado...

Tenho melanina em mim, Tenho vitamina no cabelo,
Tenho corpo amoldado, modelado
com esquadro ,sem esquadro 
Sou mulher brasileira nata...

E ainda vem me combater..
Não sabes o tamanho da minha força...
Junta sou uma só mulher brasileira
Organizada de MUCAMA, para na História pertence 


Pertencer, inquietar, fazer revolução e revolucionar
Andar como o largo sorriso de quem é livre
De quem não é oprimido...
E ouvir aqueles pássaros, os pássaros repentinos...


¹- flor advinda da Africa.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mordida!


Eu contemplo a vida e ela empresta-me seus dentes para morder o veludo fosco que é a realidade. Mordo como se eu mordesse a pele de uma dama, de uma moça ou ate mesmo uma senhora. Sei que eu não mordo com gosto de gozo, nem me estranharia se fosse assim, mas era como se ela se banhasse com os mais preciosos perfumes, perfumes estes que me embriagavam, mesmo assim, não deixava de lhe morder.
Porém, nesse ato de morde, de por os dentes em sua carne, já não sei mais o que é realidade e o que é sonho. Tudo se torna tão claro e tão escuro, vivo dicotomias em mim. Mas já não importa, pois continuo a mordê-la com delírios ou não.
Não me contento apenas com as mordidas, a vida quer que eu veja além, assim vou a observar seu corpo. Esse corpo, em que meus dentes prendem, então reparo que ela geme e mais embriagada eu fico. Ela geme pela a dor da minha mordida? Ou a vontade inconsciente que eu vá mordendo seu corpo inteiro? Paro ainda embriagada com seu cheiro e com sua carne inércia entre meus dentes. Não sei mais como agir!
Milhões de pensamentos me invadem agora, e ela olha-me como se implorasse ou sossego ou agito. Mas estou apenas na duvida se seus instintos querem meus instintos?
Observando-a mais um pouco, obtendo a certeza que minhas mãos querem lhe alcançar. Quero que a vida empreste-me mãos, sei que serão fortes e brutas, mas que eu possa tocá-la. E a vida me oferece outra dádiva. Então, minhas mãos, até frias, tocam o corpo quente dessa moça, que agora compreendo que se contorce de desejo e medo. Sinto seu corpo todo tremulo, e meu corpo também treme em seu ritmo, e impressiono-me como o calor do seu corpo passa para minhas mãos. Tudo nosso está quente, até minha boca, que ainda te morde, mudou de temperatura, assim sinto um êxtase incomum, somos uma só!
Ainda com meus dentes presos sem movimento em sua carne, mãos no seu corpo limitando-se a sentir sua temperatura. Busco mais, sempre mais, por isso, vou deslizando a ponta dos meus dedos pelo o corpo dela para poder ouvir novamente seus gemidos que tanto me confundi como me alegra. E para meu descanso e desassossego ela geme e geme, e eu permaneço estátua. São delírios? Permaneço embriagada!
O meu coração agora se enche de angustia e se inquieta para vê-la mais intimamente. Seria uma dádiva grande demais? Seria utopia? 
A vida surpreende-me e me proporciona olhos diferenciados para que eu possa observá-la completa. Ainda com meus dentes na sua pele, meus dedos passeando seu corpo e agora tendo o poder de lhe descobrir me sinto mais viva. Ela para me entorpecer mais, permite-se pra mim, abre-se de infinitas formas para que eu possa lhe ver. E eu vejo seu corpo e é magnífico, e vejo sua alma. Por sorte, ainda permaneço embriagada.
Assusto-me com tamanho frenesi seu, mas não tenho pressa, pois agora lhe vejo e posso te tocar, então deixo de lhe senti com a ponta dos dedos e lhe aperto desse jeito ansioso e imprudente de que somos feitos. Ela não geme mais, ela, apenas, suspira e pede mais mordidas, mais intimidade, mais toques até mais dentes em sua pela que ferve.
Não vou fugir como deveria antes. Agora tudo meu é emprestado e lhe aperto e lhe mordo, penetro ser no ser, e o sangue corre nas veias e sinto as veias pulsar de desejos, desejo esse de cor vermelho escarlate. E lá, muito longe, ouço seus gemidos e suspiros e sons animalescos.
Continuando embriagada flutuei em território distante, e vi seu corpo entregue, descoberto e delirante. Não sabia se te tomava, se te comia, se mordia se lambia, não sabia quiçá se te amava. Eu só exigia da vida que essa realidade fosse minha, que não fosse emprestada.
Por infortúnio meu, o sol veio, e a realidade me trouxe o veludo fosco que eu mordia, não era moça, não era cor escarlate, não estava embriagada, não havia desejo, eu era opaca e cheia de medos e ela fugiu mais rápido que eu pudesse saber se era minha vida ou se era a sua, ou se havia vida em toda essa loucura?
  

sábado, 7 de abril de 2012

Pensamentos envolto...

        Queria não falar,  para não me prender a mais palavras, as cotidianas meras palavras. Porém, minha necessidade quase vulcânica de prosseguir transmitindo meus sentimento é algo que vai além do meu ser. As lembranças voltam a dor parece ainda tão real, as vezes finjo que esqueço, as vezes esquecer é meu mal. Era pra ser real, era pra ser de concreto, era pra ter um  sorriso intrínseco em todo o corpo, mas já não há sorriso, nem corpo!
          Lembro-me do tempo que só de olhar nos teus olhos havia veracidade bastantes para sermos um, hoje caímos no comodismos de sermos apenas um mais um. Caos, tristeza e melancolia tira de mim a beleza para te dar, aquela beleza que as horas  renega, que na lua sossega em um pálido boa noite de vozes como açoite nos nossos ouvidos e esses ouvidos que mais querem ficar surdos que entender tamanha frieza. 
       Então era assim, havia jardim e as flores até cantarolavam com os pássaros, havia, por muito, os pássaros. E vida parecia transcender uma magia que somente quem ama a natural, quem ama a vida poderá entender. 

            E hoje, o que se fez das flores? Há flores? Há pássaro? 
         As respostas de tantas perguntas, as perguntas que o medo não  deixa nem questionar, serão todas respondidas no olhar sincero do tempo. O tempo que conduzirá minha vida e a sua, ou a angustias eternas ou a eternas angustias. 

        Tanto faz se é amor ou paixão, se os meses passam ou não, as vezes se reluz demais não é ouro e se reluz de menos nem aço é, por isso, não se comova com minhas palavras curtas nem se vanglorie com meus texto de três páginas. Falo aqui daquelas páginas do tempo e das horas que formam os meses. É  que até o acaso me absorve, até a rua me inquieta, o sol queima mais forte em mim e o céu escurece mais depressa.
          Por isso, ame esse meu jeito caduco de querer tudo, ou me desame por inteira, cubra-me na medida da verdade com o alicerce da vontade, talvez até me iluda. Só não vale a pena me amar por amar, tem que ser o côncavo e o convexo e por que não dizer o perpendicular e o paralelo, toda dicotomia perene no meu ser é o que me torna mais viva, então trace seu objetivo no meu corpo e deixe que as loucuras por si só invada. Não queira provar só do fel de minha alma nem se permita sentir o mel por inteiro, é cruel demais para você ...
          E que as angustias venham, mas que o foco seja outro. Que o copo esteja seco de rancor e desordem pura, pois em tudo há  mistura. Por isso falo, tem que existir o enlaço.  Peço metade de seu amor com tudo misturado, envolto da carne, encostado na alma, delirante ou covarde, eu sempre quis tudo e nunca pedir nada.


   

sábado, 31 de março de 2012

Desencontro Mútuo.

    Antes eu diria: não foi apenas um encontro. Mas hoje digo, sem ter receio, que é mais um desencontro. Como pode? Com tudo que houve, e os acontecimentos de magnitude de um terremoto de grau 8 e/ou 9 na escala Richter, os arranjos e desarranjos da alma, fatos que atingiram superficialmente, outros com sérios danos profundos. Então, com o que somos hoje, com o passado, com as palavras ditas e escritas como podemos ser estranhos um ao outro?
    
O que nos leva a não trocarmos um olhar de reconhecimento, ou um olhar de discórdia ao menos? Como isso, essa falta de encontro, não um encontro marcado mas algo que possa haver uma manifestação ou apenas um motivo para tanta intensidade do passado, que fique apenas na lembrança, mas que fique em algum canto um pouco mais real do que apenas no desencontro. 
    
    Eu ainda lembro-me do tempo que não poderíamos sentar separados, e hoje não podemos sentar nem próximos, a proximidade é algo real demais para tamanho desencontro. É como  se você não tivesse existido, permanecido ou nem tampouco me conhecido nessa vida, a verdade é que és mais um estranho que passa por mim, hoje você se limita a isso, um estranho que já foi tão conhecido. Tenho uma vaga lembrança do que você foi ou de que algo existiu por aí, ou por aqui.


    Antes, as palavras ou nos amavam ou nos odiavam, porém não há mais palavras. Sua boca está cerrada pra mim. E indago-me, o que resta de todo aquele conhecimento? De todos os desabafos e as intimidades mútuas? Esse adeus, foi um mero adeus de vidas, de encontros, de passado, de lembranças, de palavras, de você e de mim. Hoje entendo que não há mais encontro, não há mais motivos, não somos mais nada, além desse desconhecimento, dessa sensação de alguma lembrança já apagada.
   
     E vejo que tudo que foi apagado deve ter seu motivo, mas me incomoda a sensação de algo falso ou banal demais para meu ser . Não quero mais nada daquele passado, queria somente ter a certeza que não foi mentira, mas, hoje sei, foi  mais falso que qualquer (des)encontro. Então, está bem claro, são vidas opostas, são jogos opostos, descomunhão, deslaço, isto é, somos estranhos em si mesmos.

terça-feira, 27 de março de 2012

Mulher, há mulher...

A mulher, mulher, essa mulher
Mulher de meus sonhos
Do cálice, ou do levante
Das bebidas doces
Ou do fel das palavras postas.

Essa mulher, mulher, a mulher
Da vida sem amarras
Do dia claro ou cinza-claro
Do beijo mais tenso, intenso e exato
Cale-me, encaixe-me no seu retrato

Mulher, essa mulher, a mulher
Deixe-me assim por esses  dias sem certezas
Na magnitude de sua beleza
Na calada da noite, ou nos gemidos de escuridão
Então, não me deixe perecer nesse frio,
Pois sei, seu carinho ainda é infinito

Ah mulher, mulher e mulher
Quem dera, em qualquer desvaneio, eu existir em você
Quem dera esse sol queimar, arder
Então,que fosse nossos dias, dias seus e meus
Quem dera sua beleza faminta ser minha também
E a lua, o sol, o dia, a noite, nos fazer tão bem

Mas mulher, a mulher, você mulher
Me arrasta, me embebeda
Me enlouquece desaparece nas pressas
Grita-me,. impõem regras...
Maltrata, congela. escravo de suas pétalas,
Não é banal tudo isso, são seus instintos, meus instintos.


Oh mulher, essa mulher, a mulher
Mulher da dança profética
De armas no chão
De olhos sinceros,
De vontades, desejos, paixões

Mulher, essa mulher, há mulher
Não é fábula, nem mito
Não é fria, nem vil
Não é a costela, nem imortal...
Não é deusa, é um tipo de enigma
Minha mente não te decifra, não me decifra
Enfim,não há mulher banal...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Algemada pelo mundo!

Se o mundo me ouvisse
Gritaria seu nome
Sem amarras
Numa voz de gemido ou numa breve fala...

Se o mundo não fosse cego
Eu te amaria sem pudor,
E renasceria com fervor
Esse amor que já me desperta e desperta...

Mas o mundo não nos permite,
Nos extingui,
E nos regride...
Ao seu mais falso prazer!

E nessas cascas de vida...
Vou te tendo como posso
Buscando em seus olhos uma vontade de nascer
Ou resgate para essa minha morte prematura

E em mais um devaneio
Creio que posso te amar completo
Completo de um mundo isolado
Em uma mente cansada e um coração exausto...

Mais minha luta
Nesse mundo desigual
É a nossa luta
Para um amor bem mais real

E que me algeme
E que me ignore
Pois, em ferro foi feito meu corpo
Mas a alma permanece intacta em um quadro...

Não se corrói com esse mundo
Não destrói o essencial
Nem deixa perdido o que há de valor:
O amor!

E cada passo dado
É um medo transposto
É uma ponte construída, ou um muro derrubado
Em nossa casa, ou apenas num retrato...

Porém, não desejaria fugir
Nem tentaria matar monstro irreais
O que eu peço hoje
É teu beijo e nada mais...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Desse mar, ou algo dele...

O sol renasci um ser que não sou eu
Ser tardio
Inquieto e doentio
Algo que você nunca irá conhecer


Por isso, não me envolva
Não se mova
Não resolva nada por mim
Deixe-me ainda perdida, enfim!


Não se atrase 
Nem vá de barco para meu mar
Nem se joga nessas águas densas
Desse meu jeito louco de amar 


Dessa intensidade irei te proteger
Dessa minha metade irei absorver
Darei o que convém você ter
Darei meu mar límpido, para banhar-te bebê...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Esconderijo em mim...

Para tua voz que me chama
Tenho uma audição das músicas leves
Para seus olhos que me alcançam
Tenho um esconderijo em mim para você

Hoje, me veio uma vontade delirante 
De te pedir fica comigo aqui...
Mas olhei meu futuro 
E esperei me calar por mais uns minutos

Sei de minha covardia latente
Mas não me deixe aqui eternamente
Preciso de algo que você me faz
E já sei que é um desejo voraz

Não vou beber de nada mais
Não vou implorar mentiras
Nem cantar amores que não tinha
Vou deixar algo em  mim perdido ainda

Mas não me esqueça
Não cobre promessas
Nem me traga certezas...
Sou sua com todas as indelicadezas...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mais um dia poesia...


Faz tempo que não escrevo. Não foi por falta de vontade ou de tempo, nem foi a inspiração que não apareceu, nem tive a inércia dos poetas novos.

Tenho ainda minhas dores, meus amores, meus questionamentos maduros e até imaturos. Apenas não escrevo com medo de me conhecer mais, com medo de minha estrutura não permitir mais descobertas. Por medo do meu óbvio tive que  me submeter a meu caos sem as palavras, talvez me submeter ao meu caos completo. 

E agora venho, aqui, falar que já estou pronta para escrever novamente, para amar novamente, para sofrer se for necessário, mas com todas as ponderações que os dias de hoje nos permite, pois ser boêmio atualmente é um ato de puro instinto. 

Hoje, não se vangloria quem morre de amor, ou quem sofre infinitamente de dor, nem tão pouco quem demonstra seus sentimentos em palavras, ou quem sai a noite em busca de algo a mais para completar o que escreve, não se compreende o poeta, não se falam em poetas, não querem mais entender o significado de uma frase ou mesmo de uma palavra, não se ama por completo, não se entrega, nem se deixa entregar... há uma dureza em cada olhar, em cada toque, em cada sentir, em cada encontro que não é mais repentino, é tudo marcado e muito bem marcado.

Sinto falta disso tudo, disso que nunca tive dessa forma boemia que não vivi, pois tudo isso está no meu sangue, minhas veias escorrem de um passado mesmo não podendo ter, porém tornou-se muito vivo, muito integro dentro de mim.