terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Quando beberei ?




Quando beberei ?
Quando sugarei ?
Quando arrebatarei ?
Quando enlouquecerei de êxtase...

êxtase de seu corpo semi-nu
ao meu alcance
das curvas deslizantes sobre a luz
da escuridão, que meu desejo
implora toca-la, ou não..

Desvie seu olhar como for
eu te sigo, te invado
te permito
te conquisto.

imploro seus lábios
com olhares nevoados de desejos
e com cores intensas
de excitantes delírios

delírios estes que podes enxergar meu corpo
pois,  reage ao seu
minhas mãos não estão ao seu alcance
mas minha mente te penetra até no céu

volte aqui, seus braços podem me alcançar
pode te fazer sentir a inflamação
do meu coração em apuros
que pulsa delirantemente em sua direção

tire minha roupa como se fosse simbólico
implore meus olhos em você
e beberei, castigarei, sugarei
invadirei-te  de um amor bucólico...

Então, se nada disso for possível
deixe-me aqui a uma distancia relativa
de poder te tocar ,amar ou engolir
somete  freneticamente em minha mente.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Aguentar no olhar...


Ela aguenta tudo
Uma cara feia, um dia triste e uma roupa suja
Pois a vida lhe reservou
 algum canto dessa casa fria...

Ela aguenta tudo
Um sapato desamarrado, um espinho na garganta e uma viagem nunca feita
Pois, o sol cada dia nasce mais quente
E o coração cada dia esfria...

Ela aguenta tudo
Um sorriso amarelo, um estilhaço de bala perdida e alguns retratos de família
Pois, na rua há muitos perigos
E em casa há muitos inimigos


Ela aguenta tudo
Uma sala vazia, um quarto sem carinho, uma cama sem amores
Pois,  existe mais despedidas que encontros
Mais desilusões que encantos...

Ela aguenta tudo
Uma palavra cravada no peito, um olhar gravado na alma, um grito ainda preso
Pois, não se luta calada
E ela ainda não sabe nem falar

Ela aguenta tudo
Uma vida sem chão, um dia de tédio e um amor mal correspondido
Pois, não há relações sadias
Nem há amores eternos

Ela aguenta tudo
Uma pai ausente, uma mãe distante e poucas palavras de ânimo
Pois, quem casa com a dor
Não vai encontrar uma felicidade em nenhum olhar

E nisso ela segue, aguentando tudo
Os fantasmas dos dias
A desilusão das horas
E quando se olha, somente as rugas é sua companhia.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Escutei um sim.

Vulgarizando essa vida cheia de etiquetas
Cheia de rebeldia fútil
E hipocrisia marcante
E eu apenas ultrapassando meus dias

Até que no nervo neural
você acalentou minhas agonias
Minhas tempestades e delírios de cada dia
Fui, arrebatadoramente, acovardando-me  para mover suas relíquias...

Que tipo de amor você me dar?
Você não me dará pão, nem água...
E nem vou querer circo, nem badaladas
E algo tao pós-modernamente antigo : instintos!

Ouviste meus gemidos insanos de dor ao longe
então veio oferecer abrigo, braços quentes e boca úmida
eu aceitei com as velhas dúvidas, aquela minha carência infinita...
Mas você colocou-me no canto, e deu-me mais que só encantos...

Casei-me com a felicidade somente esperando do seus lábios o sorriso...
Um sorriso arrebatadoramente meu, mas que saía de sua boca...
E na motivação de te encontrar, eu andava nas ruas procurando o seu olhar,
Era tão meu seu encanto, que da boemia eu virei mestre, e no seu coração fiz sala: e sou, hoje, mestre-sala

E para não dizer que só esperei, martelei minha vida ao seu redor
Pedi humildemente sua boca na minha, com cara de pedinte egoísta...
Ouvir as vozes que gritavam em meus poros largamente,
Então, quando pensei que era partida, da sua boca ouvir as mais belas palavras do coração: sim, pra te!

Sim, sim... ela escolheu a minha vida, ela escolheu a sua vida
Ela entrelaçou, diante multidões, a minha boca sedenta de paixão
Ela puxou meu braço, tirou retratos e ainda segurou minha mão...
Eis aqui uma historieta de vidas mil, e de uma vida só: somente eu e você, enfim!






Carne sua!

Essa carne de mulher
É para lamber e morder
Essa carne de mulher
É para ter sem sofrer

Essa carne de mulher
É para deliciar-me
De joelhos e aos pedaços
Essa carne, quem dera, deixar-me de quatro ....

Essa carne de mulher me envolve
Esnoba-me, lembe-me mais, e morde
Essa carne destemida
Desacata minha vida e foge....

Carne nua
Carne sua de mulher
Como se não fosse possível, reinventa-me na noite
Em busca do entardecer no seu olhar, até me usar...

Essa carne de mulher
Desfaz na cama...
E reinventa e ama
Da base que for capaz

Essa carne de mulher
É voraz
E aos pedaços traz
Qualquer amor em paz


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mucama!


Cantarolando os pássaros
Cantarolando? --Sim!
E nem os Deuses explicavam
Onde havia tanta música em mim...

Acordei com aquele repente
E de repente acordei...
Era manhã o meu dia,
E assim, surpreendia-me, tinha sol também...

E nesse ensolarado dia,
Dizem, apenas dizem, que eu cantava feito andorinha
E ainda ousam dizer que contemplei o dia nascer
Sobre as rosas de antorcha¹, lá do lado da África...


E de África, Obá, Orixá...
E o que tiver por lá,
Pois, do sangue que escorre em meu corpo
É  do sangue vivo de mulato-mulata-bambo...


E do bambu também sou feita
Sou pedra, sou chão, sou relva fresca...
Sou lança que atira, sou toco de árvore
Sou grunhido, sou latido, sou miado, sou até gemido...

Gemido? Ou entoado?
São tantos os sons em mim,
Sou áfrica, Brasil, indígena, Europa e afins
Sou mesclado, sou negro esbranquiçado
Sou louro bombom amelanado...

Tenho melanina em mim, Tenho vitamina no cabelo,
Tenho corpo amoldado, modelado
com esquadro ,sem esquadro 
Sou mulher brasileira nata...

E ainda vem me combater..
Não sabes o tamanho da minha força...
Junta sou uma só mulher brasileira
Organizada de MUCAMA, para na História pertence 


Pertencer, inquietar, fazer revolução e revolucionar
Andar como o largo sorriso de quem é livre
De quem não é oprimido...
E ouvir aqueles pássaros, os pássaros repentinos...


¹- flor advinda da Africa.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mordida!


Eu contemplo a vida e ela empresta-me seus dentes para morder o veludo fosco que é a realidade. Mordo como se eu mordesse a pele de uma dama, de uma moça ou ate mesmo uma senhora. Sei que eu não mordo com gosto de gozo, nem me estranharia se fosse assim, mas era como se ela se banhasse com os mais preciosos perfumes, perfumes estes que me embriagavam, mesmo assim, não deixava de lhe morder.
Porém, nesse ato de morde, de por os dentes em sua carne, já não sei mais o que é realidade e o que é sonho. Tudo se torna tão claro e tão escuro, vivo dicotomias em mim. Mas já não importa, pois continuo a mordê-la com delírios ou não.
Não me contento apenas com as mordidas, a vida quer que eu veja além, assim vou a observar seu corpo. Esse corpo, em que meus dentes prendem, então reparo que ela geme e mais embriagada eu fico. Ela geme pela a dor da minha mordida? Ou a vontade inconsciente que eu vá mordendo seu corpo inteiro? Paro ainda embriagada com seu cheiro e com sua carne inércia entre meus dentes. Não sei mais como agir!
Milhões de pensamentos me invadem agora, e ela olha-me como se implorasse ou sossego ou agito. Mas estou apenas na duvida se seus instintos querem meus instintos?
Observando-a mais um pouco, obtendo a certeza que minhas mãos querem lhe alcançar. Quero que a vida empreste-me mãos, sei que serão fortes e brutas, mas que eu possa tocá-la. E a vida me oferece outra dádiva. Então, minhas mãos, até frias, tocam o corpo quente dessa moça, que agora compreendo que se contorce de desejo e medo. Sinto seu corpo todo tremulo, e meu corpo também treme em seu ritmo, e impressiono-me como o calor do seu corpo passa para minhas mãos. Tudo nosso está quente, até minha boca, que ainda te morde, mudou de temperatura, assim sinto um êxtase incomum, somos uma só!
Ainda com meus dentes presos sem movimento em sua carne, mãos no seu corpo limitando-se a sentir sua temperatura. Busco mais, sempre mais, por isso, vou deslizando a ponta dos meus dedos pelo o corpo dela para poder ouvir novamente seus gemidos que tanto me confundi como me alegra. E para meu descanso e desassossego ela geme e geme, e eu permaneço estátua. São delírios? Permaneço embriagada!
O meu coração agora se enche de angustia e se inquieta para vê-la mais intimamente. Seria uma dádiva grande demais? Seria utopia? 
A vida surpreende-me e me proporciona olhos diferenciados para que eu possa observá-la completa. Ainda com meus dentes na sua pele, meus dedos passeando seu corpo e agora tendo o poder de lhe descobrir me sinto mais viva. Ela para me entorpecer mais, permite-se pra mim, abre-se de infinitas formas para que eu possa lhe ver. E eu vejo seu corpo e é magnífico, e vejo sua alma. Por sorte, ainda permaneço embriagada.
Assusto-me com tamanho frenesi seu, mas não tenho pressa, pois agora lhe vejo e posso te tocar, então deixo de lhe senti com a ponta dos dedos e lhe aperto desse jeito ansioso e imprudente de que somos feitos. Ela não geme mais, ela, apenas, suspira e pede mais mordidas, mais intimidade, mais toques até mais dentes em sua pela que ferve.
Não vou fugir como deveria antes. Agora tudo meu é emprestado e lhe aperto e lhe mordo, penetro ser no ser, e o sangue corre nas veias e sinto as veias pulsar de desejos, desejo esse de cor vermelho escarlate. E lá, muito longe, ouço seus gemidos e suspiros e sons animalescos.
Continuando embriagada flutuei em território distante, e vi seu corpo entregue, descoberto e delirante. Não sabia se te tomava, se te comia, se mordia se lambia, não sabia quiçá se te amava. Eu só exigia da vida que essa realidade fosse minha, que não fosse emprestada.
Por infortúnio meu, o sol veio, e a realidade me trouxe o veludo fosco que eu mordia, não era moça, não era cor escarlate, não estava embriagada, não havia desejo, eu era opaca e cheia de medos e ela fugiu mais rápido que eu pudesse saber se era minha vida ou se era a sua, ou se havia vida em toda essa loucura?