Antes eu diria: não foi apenas um encontro. Mas hoje digo, sem ter receio, que é mais um desencontro. Como pode? Com tudo que houve, e os acontecimentos de magnitude de um terremoto de grau 8 e/ou 9 na escala Richter, os arranjos e desarranjos da alma, fatos que atingiram superficialmente, outros com sérios danos profundos. Então, com o que somos hoje, com o passado, com as palavras ditas e escritas como podemos ser estranhos um ao outro?
O que nos leva a não trocarmos um olhar de reconhecimento, ou um olhar de discórdia ao menos? Como isso, essa falta de encontro, não um encontro marcado mas algo que possa haver uma manifestação ou apenas um motivo para tanta intensidade do passado, que fique apenas na lembrança, mas que fique em algum canto um pouco mais real do que apenas no desencontro.
Eu ainda lembro-me do tempo que não poderíamos sentar separados, e hoje não podemos sentar nem próximos, a proximidade é algo real demais para tamanho desencontro. É como se você não tivesse existido, permanecido ou nem tampouco me conhecido nessa vida, a verdade é que és mais um estranho que passa por mim, hoje você se limita a isso, um estranho que já foi tão conhecido. Tenho uma vaga lembrança do que você foi ou de que algo existiu por aí, ou por aqui.
Antes, as palavras ou nos amavam ou nos odiavam, porém não há mais palavras. Sua boca está cerrada pra mim. E indago-me, o que resta de todo aquele conhecimento? De todos os desabafos e as intimidades mútuas? Esse adeus, foi um mero adeus de vidas, de encontros, de passado, de lembranças, de palavras, de você e de mim. Hoje entendo que não há mais encontro, não há mais motivos, não somos mais nada, além desse desconhecimento, dessa sensação de alguma lembrança já apagada.
E vejo que tudo que foi apagado deve ter seu motivo, mas me incomoda a sensação de algo falso ou banal demais para meu ser . Não quero mais nada daquele passado, queria somente ter a certeza que não foi mentira, mas, hoje sei, foi mais falso que qualquer (des)encontro. Então, está bem claro, são vidas opostas, são jogos opostos, descomunhão, deslaço, isto é, somos estranhos em si mesmos.
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